No entanto, a História ensina que determinadas conquistas são irreversíveis. Podem até sofrer determinados retrocessos, pois as relações humanas não são lineares. Mas os avanços e ideais que a burguesia implantou já faziam parte da mentalidade geral europeia e permeavam, com seus valores, não só a vida econômica, mas também as posições políticas presentes nos agentes históricos do século XIX.
Não é a toa que a Santa Aliança teve vida curta. Conseguiu até certo sucesso em expedições na Grécia e Espanha, onde os soberanos absolutistas corriam riscos. Mas em sentido geral não conseguiu fazer frente ao turbilhão de movimentos liberais que se sucederam na Europa (Portugal, Espanha, Grécia e França de novo, entre outros) e América (as independências das colônias, em sua grande maioria, eram todas de caráter liberal/burguês) durante todo o século XIX.
As unificações da Itália e Alemanha em 1870, ocorreram também dentro desse contexto de efervescência das ideias liberais, que esteve por traz dos movimentos nacionalistas, articuladores das unificações.
No caso italiano, a unificação surgiu também como resposta as divisões territoriais determinadas pelo Congresso de Viena.
Soma-se a isso o fato de que o norte da Península Itálica se desenvolvera muito em função da industrialização, que por sua vez impulsionou o comércio. Cidades como Milão e Turim já despontavam como os maiores polos de desenvolvimento econômico de toda a península. Em suma, a alta burguesia queria a unificação, pois isso lhe garantiria maiores possibilidades de competir no mercado externo.
Na Alemanha, o principal fator da unificação alemã foi o desenvolvimento econômico e social dos Estados germânicos, especialmente da Prússia. Ali se formou, em1834, uma integração entre os mercados germânicos, chamada de Zollverein, que foi fator determinante para o desenvolvimento espantoso que se verificou na região até sua unificação. De 1860 a 1870, distritos industriais e centros urbanos surgiram em várias regiões; as estradas de ferro passaram de 2.000 para 11.000 quilômetros; as minas de carvão e ferro permitiram o crescimento das indústrias siderúrgicas, metalúrgicas e mecânicas. Nascia um gigantesco complexo industrial alemão.
Ilustração 29: Guerra franco-prussiana, vencida pela Prússia de Bismarck, que selou a unificação da Alemanha.
Fonte:http://www.guerras.brasilescola.com/seculo-xvi-xix/guerra-francoprussiana.htm
Todo esse desenvolvimento, somado a política militar do chanceler Otto von Bismarck, que curiosamente era anti-liberal mas militante devoto da unificação, fez surgir no contexto político e econômico europeu uma nação que já nascera como potência: a Alemanha.
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