sábado, 7 de abril de 2012

A nova economia mudando os regimes políticos europeus - parte 3 de 4

A nova economia mudando os regimes políticos europeus - parte 3 de 4

Luis XIV era simpático à conquistas militares (em sua maioria fracassadas) e a festas suntuosas, além de gastos gigantescos com palácios, sobretudo o de Versalhes que demorou 13 anos para ser construído. Para sustentar todas essas atividades, mais as regalias e privilégios que concedia a sua corte com mais de seis mil nobres, o rei recorria a expedientes que frequentemente deixam enfurecidos a maior parte da sociedade: aumento de impostos.


Ilustração 14: O poderoso "Rei Sol".

Fonte: http://josmaelbardourblogspotcom.blogspot.com/2010/07/o-rei-sol.


O que aumentou ainda mais a insatisfação da burguesia francesa foi a revogação do Edito de Nantes (aquele que concedia liberdade de culto) em 1685. Os huguenotes, que em sua maioria eram membros da burguesia, passam mais uma vez a serem perseguidos em função das ações tirânicas de seu monarca e cerca de meio milhão deles saem do país enfraquecendo em muito as atividades comerciais francesas.

A ruptura da aliança com a burguesia, mais os gastos cada vez maiores que seus sucessores (Luís XV e Luís XVI) promoveram com guerras (sobretudo a Guerra dos sete anos e a Guerra de Independência dos Estados Unidos) ajudam a entender os eventos que culminaram com a Revolução Francesa em 1789, que discutiremos mais adiante.

O absolutismo inglês exibiu peculiaridades em relação ao francês, principalmente em função de uma tradição, fundada desde o século XIII, onde o rei antes de implementar leis e impostos deveria respeitar a Magna Carta, documento que sobrepunha os interesses da nobreza ao poder real.

Outro dado interessante, que distinguiu o absolutismo inglês do francês, foi o fato de que na Inglaterra não havia se formado uma nobreza parasitária, como existia na corte de Luis XIV, por exemplo. A nobreza inglesa logo cedo tomou simpatia pelas práticas burguesas e já no século XV explorava suas terras dentro do modelo capitalista/mercantil, tratando-as como meio de se produzir mercadorias a serem comercializadas em feiras ou servir como matéria prima para as crescentes manufaturas do período.

Efetivamente, o absolutismo inglês começa com a dinastia dos Tudor, com Henrique VII (1485-1509). Porém foi seu filho e sucessor, Henrique VIII quem melhor personificou o espírito absolutista, pois rompeu com a Igreja católica com o Ato de Supremacia (1534) e criou a igreja oficial da Inglaterra, que permanece até os dias atuais - a Igreja Anglicana.

Mas certamente a mais conhecida rainha absolutista de todos os tempos tenha sido uma de suas filhas e sucessoras, Elizabeth I (1558-1603). Foi ela a grande responsável pela consolidação do anglicanismo em todo o território e também quem primeiro investiu na exploração da América com a fundação da primeira colônia na costa leste18, além de erigir as bases daquilo que tornaria a Inglaterra uma das grandes potências europeias do período.

Deu-se o nome de Virgínia a essa primeira colônia em homenagem a rainha, também chamada na época de a rainha Virgem.

Elizabeth I também comprou brigas históricas com a coroa espanhola quando se associou com corsários (espécie de piratas reais) que pilhavam os galeões espanhóis apinhados de prata explorada na América. Por essa razão, entre outras, é que Felipe II, rei da Espanha (que na época era a maior potência militar da Europa) resolve montar uma gigantesca frota de guerra, denominada de Invencível Armada para invadir a Inglaterra. Mas a Invencível foi derrotada pela marinha inglesa (potência militar marinha até os dias atuais) acabando com a supremacia espanhola na Europa.

Com sua morte em 1603 encerrou-se a dinastia dos Tudor por não deixar herdeiros (ela era virgem, lembram-se?). Passa a governar a Inglaterra Jaime I, também rei da Escócia, da dinastia dos Stuarts.

Jaime I, ao contrario de sua antecessora, privilegiou mais a nobreza e não se importava com o Parlamento, tampouco respeitava suas decisões. Passou a adotar uma política de perseguição a católicos e puritanos (os calvinistas ingleses), que quando não se constituíram em oposição feroz ao governo absolutista, fugiam para a América, onde fundavam colônias de povoamento, que depois viriam a ser denominadas de Nova Inglaterra.

Seu sucessor, Carlos I (1625-1648) não mudou em nada a postura do pai e tentou aprofundar ainda mais seu poder absolutista fechando e convocando o Parlamento a seu bel prazer, atendendo as necessidades que a conjuntura exigia. Esse processo só teve fim com a inevitável guerra civil que se abateu sobre a Inglaterra e que durou oito anos (1641-1649) colocando de um lado as tropas do rei, chamadas de cavaleiros, e de outro os cabeças redondas (por causa do corte de cabelo por eles utilizado), como eram chamadas as tropas do parlamento, lideradas por Oliver Cromwell, membro da pequena nobreza puritana.

Melhor preparado e com táticas de guerra consideradas inovadoras para a época, as tropas de Cromwell (chamadas de New Model Army) vencem a guerra e o rei Carlos I foi preso, julgado e executado em 1649. Esse fato é fundamental para a história política da Europa, pois pela primeira vez um rei, que até pouco tempo era considerado agente de Deus, era executado por decisão parlamentar, e não por intrigas palacianas, presentes em períodos anteriores.

18 Deu-se o nome de Virgínia a essa primeira colônia em homenagem a rainha, também chamada na época de a rainha Virgem.

Um comentário:


  1. Se a guerra civil inglesa foi tão importante, como a revolução francesa, por que em ambos os casos a monarquia foi adotada novamente como forma de governo ?

    ResponderExcluir