sexta-feira, 6 de abril de 2012

Transformações sociais do século XVI ao século XIX

Introdução


O período que analisaremos, um recorte histórico que se inicia no século XVI e segue até o século XIX, se constitui, para muitos historiadores, como uma das etapas mais importantes de nossa história. Isso porque estes séculos cobrem a gestação, o desenvolvimento e consolidação de um modo de produção, o capitalismo e da classe social que moveu sua formação, a burguesia, que estão vigentes e hegemônicos até os dias presentes.

Foram séculos em que praticamente todas as áreas do conhecimento, regimes políticos, formação de nações, conquistas coloniais, desenvolvimento cultural, surgimento de novas classes sociais, aprimoramento de técnicas de produção, comunicação e meios de transporte e até diferentes formas de adoração religiosa, seguiram o rastro da circulação de mercadorias e da busca incessante pelo lucro, categorias básicas do modo de produção capitalista.

Isso não significa dizer que dinheiro, salário ou comércio sejam novidades a partir do período que será abordado em nosso curso. Pelo contrário, desde a Antiguidade até o século V de nossa era, egípcios, gregos e romanos, entre outras importantes civilizações, já tinham no comércio uma das mais destacadas atividades econômicas. No entanto, não era a moeda o elemento que diferenciava os grupos sociais, o que determinava essa diferenciação eram as conquistas territoriais, ou ainda, as revoltas ou derrubadas de governantes.

Em outras palavras, não era o dinheiro o elemento fundamental do modo de produção dessa época e sim a conquista, propriedade e exploração da terra, controlada pelo Estado, no caso das civilizações orientais (Egito, Mesopotâmia, entre outros) ou baseado na ampla utilização da mão de obra escrava, casos das chamadas civilizações clássica (Grécia e Roma).

Estudaremos mais adiante como o capitalismo foi gestado na baixa Idade Média (séculos XIII a XV) a partir da decadência e ineficiência do modo de produção feudal presente até então. Analisaremos de que forma o capital torna-se uma estrutura sócio-econômica que interferiu diretamente na constituição de novos olhares para a produção artística, maneiras de se pensar o mundo e ruptura com o modelo religioso imposto pela Igreja católica, através do Renascimento Cultural, bem como o humanismo dele advindo e da Reforma Protestante, respectivamente.

Veremos também como o capital determinou paulatinamente as mudanças nas estruturas de governo, antes absolutistas, baseados na aristocracia feudal e depois liberal-democrática, capitaneada pelos interesses da burguesia.

Mais ainda, refletiremos sobre a maneira com que o pensamento vigente até praticamente o fim da Idade Média, ditado e fundamentado pela influência religiosa, pouco a pouco foi adquirindo nuances individualistas e baseadas no uso da razão, na liberdade de comércio, na tolerância religiosa e no desenvolvimento científico, o que foi essencial para o aprimoramento das técnicas de produção e aumentou ainda mais a oferta de mercadorias para uma população cada vez mais crescente.

Enfim, o objetivo central das páginas seguintes será o de refletir sobre as condições que elevaram a burguesia, surgida como um simples agrupamento de feirantes medievais, a se constituir na classe social dominante, que dita o pensamento e as práticas do mundo contemporâneo

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