sábado, 7 de abril de 2012

A nova economia criando o liberalismo - parte 3 de 5

A nova economia criando o liberalismo - parte 3 de 5

Um terceiro e também importante filósofo iluminista do período foi Jean Jacques Rousseau, tido por muitos como o pai da Democracia Moderna e que destoava da maioria dos outros iluministas por defender em seus escritos os interesses do povo. John Locke e Voltaire, entre outros, não escondiam seu preconceito e desprezo pelas camadas mais exploradas da população.21

Ilustração 17: Rousseau, considerado por muitos como o pai da democracia moderna. Fonte:http://robinphillips.blogspot.com/2010/08/gender-morality-and-modesty-part-3.html


Rousseau, nascido na Suíça mas que ainda na adolescência se muda para Paris, atacava em suas obras, além do absolutismo e a falta de liberdade, a propriedade privada e a própria burguesia, daí ter ganho muitos inimigos dentro do movimento, inclusive Voltaire. Defendia que o homem, em estado de natureza, é puro e bom, mas que o contato com a civilização o corrompe, especialmente em razão da ganância e egoísmo geradas pela propriedade privada. Sobre isso tem frase também famosa e muito citada nos manuais de Historia:

O primeiro homem a quem ocorreu pensar e dizer 'isto é meu', e encontrou gente suficientemente ingênua para acreditar, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerra e assassínios teriam sido evitados ao gênero humano se aquele, arrancando as estacas, tivesse gritado: Não, impostor.22

Para esse pensador, como a propriedade privada era algo inevitável nas sociedades modernas, era fundamental o estabelecimento de um contrato entre povo e governante onde os direitos populares deveriam estar acima de quaisquer interesses, sejam de natureza política ou econômica.

Aliás, para Rousseau, o povo é o próprio poder, por isso, caso qualquer governante desrespeitasse os anseios do povo, seria dever desse a derrubada e substituição desse governante. Pela convicção e força de suas ideias o pensamento roussoniano serviu a revolucionários franceses, especialmente à facção jacobina, e também a movimentos socialistas dos séculos XIX e XX.

As ideias da filosofia iluminista, como era de se prever, acabam contribuindo para que outros pensadores desenvolvam conceitos para rompimento das estruturas econômicas vigentes no período do Antigo Regime. Como vimos, dentro do mercantilismo, no sistema econômico do período era fundamental a participação do governo na economia estabelecendo medidas protecionistas que favorecessem o comércio exterior.

Além disso, criavam-se companhias comerciais que monopolizavam o comércio nas diferentes áreas de exploração colonial. Eram também funções do Estado, em alguns casos, o estabelecimento de preços de determinados produtos e criação de taxas alfandegárias para favorecimento de determinado setor produtivo de sua economia interna. Em algumas situações mais extremas, alguns governos absolutistas até proibiam a entrada de determinados produtos estrangeiros para não concorrer com os similares nacionais. Em resumo, no sistema mercantilista o Estado era o principal, embora não único, agente econômico.

Como uma das palavras de ordem dentro do ideário iluminista era liberdade, surgiram grupos e intelectuais que passaram a defender também a liberdade de comércio e a clamar pelo fim do modelo intervencionista do Estado na economia. Era o chamado liberalismo econômico, conceito que ganhou corpo com o desenvolvimento do capitalismo e permanece até os dias atuais, embora tenha sofrido momentos de auge e refluxo de acordo com as circunstâncias históricas a que esteja submetido.

21Apesar de defender a igualdade e a liberdade, Locke também defendia a escravidão, desde que ela fosse fruto do contrato estabelecido entre vencedores e vencidos de uma guerra. Quanto a Voltaire, uma de suas frases famosas é “O povo tolo e bárbaro precisa de uma canga, de um aguilhão e feno”.

22 Citado por VICENTINO, Cláudio. Historia Geral. São Paulo: Editora Scipione, 1997. p. 237.

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