sábado, 7 de abril de 2012

A nova economia criando o liberalismo - parte 1 de 5

A nova economia criando o liberalismo - parte 1 de 5




Segundo o grande historiador Eric J. Hobsbawm, os séculos que significaram praticamente o fim do Antigo Regime, séculos XVIII e XIX, estão recheados de eventos, sobretudo a Revolução Industrial e Revolução Francesa, que no seu conjunto “...constitui a maior transformação da historia humana desde os tempos remotos quando o homem inventou a agricultura e a metalurgia, a escrita, a cidade e o Estado.”20

Soma-se a essas revoluções a Independência dos Estados Unidos em 1776, importantíssima enquanto referência política, pois trata-se da primeira independência de uma colônia em relação a uma metrópole europeia, no caso a Inglaterra. O movimento norte-americano acabou inspirando movimentos de emancipação em toda a América, inclusive no Brasil.

Portanto, estamos falando de um período onde transformações muito importantes para a humanidade se desdobram e que, no seu conjunto, significaram a solidificação do capitalismo como modo de produção hegemônico, agora com uma nova feição, o capitalismo industrial e financeiro em substituição ao mercantilismo do Antigo Regime, onde a circulação de mercadorias através do comércio era característica principal. Soma-se a isso o fato de que a burguesia, com as revoluções e o fim do Antigo regime, agora também passou a deter o poder político, além do poder econômico que já possuía desde o seu surgimento.

Mas para que tudo isso acontecesse, um conjunto de ideias teve que ser construído, a partir do século XVII, para fornecer uma base teórica consistente para que os agentes históricos pudessem romper com as estruturas políticas, econômicas e sociais predominantes no período do Antigo Regime.

Esse conjunto de ideias esteve presente no movimento conhecido como Iluminismo, movimento filosófico intelectual que surgiu na França e Inglaterra e acabou se espalhando, pela força das suas ideias, no mundo todo. Pode-se afirmar que os iluministas são herdeiros do movimento renascentista que rompeu com o teocentrismo medieval, já discutido aqui, e que também serviu de inspiração intelectual para a renovação religiosa e desenvolvimento das ciências física e política implementadas na Idade Moderna.

Assim como o termo “renascimento” era uma referencia negativa à Idade Media, o nome “Iluminismo” também carrega uma carga pejorativa ao período medieval, pois acreditava-se que era um movimento que iluminaria o caminho das pessoas, através do uso da razão, para se atingir o conhecimento e a felicidade. Dentro dessa visão, os iluministas denominavam a Idade Media como Idade das Trevas, pois teria sido um período de predomínio ideológico da Igreja, que em função da lógica teocentrista, teria sido um momento obscuro para o desenvolvimento da ciência, da educação e do conhecimento.

Ilustração 16: imagem iluminista simbolizando a liberdade derrotando a ignorância e o fanatismo. fonte:novahistorianet.blogspot.com

Os iluministas, em linhas gerais, defendiam o uso da razão para explicar os acontecimentos sociais e os fenômenos da natureza. René Descartes (1596-1650), matemático e considerado o pai da filosofia moderna, por exemplo, desenvolveu mecanismo para entendimento dos fenômenos conhecido como dúvida metódica, segundo a qual toda a verdade só pode ser atestada na medida em que comprovada racionalmente. Portanto, deve-se duvidar de todas as afirmativas ou teorias até que por meio da observação, experiência e da comprovação racional ela possa ser aceita.

20 HOBSBAWN, Eric J. A era das Revoluções. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra. 1977. p.17

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