sexta-feira, 6 de abril de 2012

A nova economia ampliando o domínio europeu - parte 2 de 5

A nova economia ampliando o domínio europeu -

parte 2 de 5

A frota liderada por Pedro Álvares Cabral não fora organizada originalmente com a missão de “descobrir” ou conquistar o Brasil. Na verdade, esse empreendimento tinha como objetivo maior explorar as riquezas orientais e consolidar a presença portuguesa em território indiano.

Isso também não significa dizer que a chegada ao Brasil, oficialmente em 22/04/1500, tenha sido casual ou fruto de condições adversas de navegação como ainda citam certos manuais. Sabe-se hoje que os portugueses já tinham conhecimento do território brasileiro, e isso é facilmente observado nas disputas diplomáticas entre os países ibéricos, sobretudo no episódio do Tratado de Tordesilhas, que ocorreram seis anos antes da “descoberta” oficial.

O fato é que ao chegar no Brasil em 1500, os portugueses experimentaram certa frustração: não encontraram, pelo menos no início das explorações, os tão cobiçados metais preciosos como os vizinhos espanhóis já encontravam em abundância em suas colônias americanas. Além disso, e para aumentar a frustração, os portugueses não encontraram também em terras brasileiras algum produto cultivado pelos indígenas4 que pudesse ser incorporado na economia europeia e que desse lucro para a burguesia lusitana, na mesma medida que as especiarias orientais estavam dando.

Por esta razão o território brasileiro foi relegado a um segundo plano, dentro dos objetivos exploratórios dos portugueses. Estavam eles mais animados com as conquistas militares no Oriente e sua conseqüente exploração. Conquistaram Goa, na Índia em 1510, Málaca (Malásia) em 1516, chegam em Macau na China e até no Japão em 1543.

Portanto, as ações oficiais dos portugueses, de 1500 a 1530, em nossas terras se limitaram a expedições de reconhecimento lideradas por Gaspar de Lemos e Gonçalo Coelho e concessão para a exploração e comércio de uma madeira de onde se tirava um corante vermelho que rendeu algum lucro na Europa: o pau-brasil.

Sendo assim, é importante destacar que aí já se estabeleceu uma relação de trabalho com os índios. Era o escambo, que não pode ser confundido com trabalho escravo, uma vez que, os nativos cortavam e transportavam a madeira para as feitorias ou navios e recebiam em troca objetos como facões, panelas, espelhos, entre outros.

Essa postura portuguesa quanto ao Brasil só mudou efetivamente a partir de 1530 porque os lucros com as especiarias orientais já não eram tão vultosos, em função da concorrência com outras potências europeias. Também havia um risco grande e real de o Brasil ser conquistado por outros países, principalmente pela França, que já havia mantido contatos com os índios e explorado a costa leste brasileira com ataques piratas.

Portanto, a mentalidade portuguesa muda rapidamente para uma postura de ocupar efetivamente o Brasil com dois objetivos principais: aproveitar a terra para nela se montar uma estrutura de exploração mercantil que desse lucro ao Estado português e ao mesmo tempo colonizar para não perder a colônia para nações inimigas.

Deste raciocínio é que se entende o envio da primeira missão colonizadora chefiada por Martim Afonso de Souza que implantou o primeiro modelo de administração colonial, as capitanias hereditárias, funda as primeiras vilas e traz as mudas daquele que seria o primeiro grande empreendimento agrícola na colônia: a cana de açúcar.

Para os historiadores, no entanto, a maior das viagens marítimas foi aquela patrocinada pela coroa espanhola, através do genovês Cristóvão Colombo que chegou à América em 1492. Toda essa importância reside no fato de que se trata da conquista de um gigantesco continente até então nada conhecido nas cartas geográficas ou documentos da época.

Do ponto de vista mercantilista, o sistema econômico vigente, essa conquista se reveste de maior importância ainda por significar um imenso território a ser explorado em suas riquezas naturais (ouro, prata, pedras preciosas, peles, madeiras, tabaco, entre outros), ao mesmo tempo em que, num futuro próximo, se constituiria em enorme mercado consumidor dos produtos manufaturados europeus, o que atendia em cheio os objetivos das balanças comerciais europeias.

Soma-se a tudo isso o fato de que o Novo Mundo, pelas condições naturais de clima e solo, passava a produzir culturas introduzidas pelos europeus, como o algodão e a cana de açúcar, que foram tomando conta da paisagem das Américas em substituição a cobertura vegetal nativa e a custa de mão de obra escrava, que ao longo de 400 anos de exploração colonial dizimou cerca de 80 milhões de índios e negros.

4 Os índios brasileiros, como é sabido, viviam em estagio econômico muito diferente dos europeus. Viviam da caça, pesca e plantavam apenas o necessário para o sustento da aldeia ou tribo. A propriedade e o trabalho eram coletivos e não haviam relações comerciais entre eles. Daí a dificuldade que os portugueses encontraram para tirar da atividade econômica dos índios algo que pudesse interessar ao mercantilismo europeu. N.A.

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