sexta-feira, 6 de abril de 2012

A nova economia ampliando o domínio europeu - parte 1 de 5

A nova economia ampliando o domínio europeu -

parte 1 de 5



Com o advento do capitalismo comercial, em substituição ao modo de produção feudal, e com o surgimento das nações, substituindo os antigos particularismos feudais, o mundo europeu caminhava para uma mudança radical em todos os segmentos humanos.

Com o poder real, agora centralizado e a organização dos Estados Modernos, os países europeus passam a se preocupar em implementar ações que dinamizem essa economia, que agora é mais dinâmica e de mercado. Essas ações giram em torno de um grande objetivo geral: o acumulo de metais preciosos, chamado genericamente de metalismo.

Com isso, o metalismo passa a ser o elemento que diferencia a riqueza entre as nações.

Para alcançar esse objetivo geral era necessário um rigoroso controle e intervenção direta do governo nos investimentos, em associação com a burguesia, na arrecadação de impostos e nos gastos com administração e efetivos militares.

Toda essa preocupação visava atingir uma balança comercial favorável (exportações maiores do que as importações). Quanto mais favorável, maior a entrada de metais preciosos para os cofres da realeza, e por consequência, maior poder e influência política no continente.

Com esse modelo econômico, que chamamos de capitalismo comercial ou mercantilismo, os países europeus passam a adotar estratégias mais agressivas de ampliação de seu comércio e poder. Como já faltavam metais preciosos na Europa e a política mercantilista, por sua dinâmica própria, exigia cada vez mais novas áreas que pudessem ser exploradas comercialmente, esses países passam a investir em comércio de longa distância para atender a fome por metais preciosos.

Sendo assim, as cidades-estado de Gênova e Veneza, no norte da Península Itálica, começaram a praticar esse comércio de longa distância transportando as especiarias (pimenta do reino, gengibre, noz moscada, entre outros), artigos de luxo (tecidos, seda, tapetes), metais e pedras preciosas.

Esses produtos vinham das chamadas Índias Orientais, eram embarcados pelos mercadores genoveses e venezianos em Constantinopla (atual Istambul na Turquia) e via Mar Mediterrâneo chegavam até a Europa, onde eram comercializados por terra em rotas e nas feiras comerciais localizadas em todo interior do continente.

Para relembrar, aí residiu a enorme contribuição das Cruzadas, já mencionadas em nosso estudo, pois foram os soldados cruzados os primeiros a trazerem esses produtos até a Europa e foi também uma Cruzada, a quarta, que libertou o Mar Mediterrâneo do domínio árabe em 1200 e liberou essa antiga rota comercial que liga o Oriente com o Ocidente.

Com isso, o mar Mediterrâneo acabou se tornando monopólio dos mercadores italianos. Neste caso, as outras nações, também interessadas nos produtos orientais, passam a procurar outros caminhos para se chegar às Índias.

É nesse contexto que se iniciam então as chamadas Grandes navegações, ou Expansão ultramarina, processo que possibilitou ao homem europeu a conquista e exploração de colônias na Ásia, África e América, que passou a ser chamado de Novo Mundo, pois até o século XV não era conhecido pelos Europeus.

Os portugueses, que foram pioneiros nas grandes navegações, contavam já com uma monarquia centralizada, uma burguesia capitalizada e disposta a investimentos, bem como possuíam uma posição geográfica favorável para as navegações, tinham tecnologia de ponta para construção de embarcações e instrumentos de navegação, possuíam um centro de estudos (Sagres) para onde confluíam navegadores, armadores, e geógrafos de toda Europa, além de desfrutarem de um período de paz, que é elemento fundamental para empreendimentos de grande porte como foram as navegações.

Em 1415, quando os portugueses iniciaram suas conquistas na África, Inglaterra e França ainda combatiam na guerra dos 100 anos, a Espanha estava envolvida com a expulsão dos árabes de seu território e a Holanda ainda era uma província dominada pelos espanhóis (a independência dos holandeses só viria no século XVI).

Com isso, Portugal explorou durante quase todo o século XV a costa oeste da África, alcançando seu extremo sul em 1488.

Dez anos depois conseguiu alcançar a Índia, atingindo seu grande objetivo que era o de descobrir uma nova rota comercial. Para se ter noção da importância econômica da descoberta desta rota, Vasco da Gama, o navegador português responsável pela frota que aportou em Calicute (costa oeste da Índia), voltou com suas caravelas abarrotadas de pimenta do reino que deu lucros à coroa portuguesa na ordem de 6.000%.

A contínua exploração que os portugueses empreenderam na África e na Índia deu-lhes a condição de nação europeia mais rica durante a segunda metade do século XV. É nesse contexto que os portugueses, após organizar uma segunda expedição para as Índias, oficializam o reconhecimento do Brasil em abril de 1500.


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