segunda-feira, 9 de abril de 2012

Surgem as máquinas e a nova economia muda de face - parte 2

Surgem as máquinas e a nova economia muda de face


Nas cidades industriais inglesas havia também muita mão de obra disponível. Esse processo se explica pela instituição dos cercamentos (enclosures) que promoveu um enorme êxodo rural a partir do século XVII. As terras comunais usadas pelos camponeses eram tomadas pela gentry (nobreza progressista), já influenciada pelas práticas burguesas e com o apoio da coroa britânica, passavam a criar ovelhas para extração de lã, matéria prima fundamental para a indústria têxtil.

Com isso os pequenos proprietários, sem suas terras para trabalhar, migravam em massa com suas famílias para as crescentes cidades de Londres, Manchester ou Leeds, em busca de emprego e sobrevivência. Essa gigantesca massa de trabalhadores deu poder a burguesia industrial de explorar a mão de obra com extensas jornadas, péssimas condições de trabalho, sem nenhum direito trabalhista (pelo menos no começo da Revolução Industrial) e com baixíssimos salários.

Outro elemento fundamental que contribuiu para o pioneirismo inglês foi o fato de ter um governo totalmente voltado para os interesses da burguesia. Como já vimos, ocorreu na Inglaterra a Revolução Gloriosa em 1688 que implantou na ilha o modelo parlamentarista, onde o rei reina mas não governa, pois o chefe de governo é o primeiro ministro, chefe do parlamento. Como a quase totalidade do parlamento era composta por membros da burguesia, todas as leis e medidas de governo eram implementadas em favor dessa classe, que nesse momento priorizava seus capitais na instalação e desenvolvimento das indústrias

Último fator importante a citar é que na Inglaterra havia extensas jazidas de ferro, matéria prima essencial para construção de máquinas, e também de carvão mineral, fundamental como fonte energética para colocá-las em funcionamento.

A partir de 1850 a Revolução Industrial entra na sua segunda fase. Nesse período, o modelo industrial se espalha pela Europa, atinge os Estados Unidos e também chega ao Japão. Do ponto de vista tecnológico, essa fase do industrialismo se constitui como um aprimoramento e aperfeiçoamento das invenções já observadas na primeira fase. Outras indústrias se desenvolvem além da têxtil, com as indústrias química e siderúrgica. O aço logo substitui o ferro. A eletricidade e o petróleo substituem o vapor como fontes energéticas.

Esse é o momento da modernização dos meios de transporte, que além dos trens e barcos a vapor, agora também vêem surgir aviões e os automóveis, movidos com motores à explosão.

É também na Segunda Revolução Industrial que os meios de comunicação sofrem incrível desenvolvimento, com o surgimento dos telégrafos e telefones. Já no século XX, as novas tecnologias, usadas nos meios de comunicação dinamizam cada vez mais a informação e os negócios, enveredando também pelo campo do entretenimento com o advento do radio, cinema e televisão.

Do ponto de vista econômico, é possível afirmar que nessa fase da Revolução Industrial o capitalismo industrial foi substituído pelo chamado capitalismo financeiro, pois os bancos investiam intensamente na atividade econômica emprestando capitais ou mesmo investindo diretamente nas indústrias. É um momento onde o comércio e a grande indústria são controlados, em sua maioria, pelo poder econômico dos bancos e outras instituições financeiras. Surgem grandes conglomerados econômicos, originados da atividade industrial controlada agora em sua maioria por bancos.

O crescimento gigantesco experimentado pela indústria gerou excedentes de produção e também de capitais que necessitavam de novos mercados de consumo para todo esse desenvolvimento. Esse é o pano de fundo para se entender a política imperialista que as potências europeias vão adotar no século XIX.

Resumidamente, podemos concluir que a Revolução Industrial mudou radicalmente todos os setores da vida humana a partir do século XVIII.

A Europa ficou mais urbanizada, a força mecânica substituiu a força humana, o meio ambiente natural começou a sofrer duras consequências com as chaminés, expelindo cada vez mais carbono e florestas derrubadas, surgiu a divisão internacional do trabalho (países ricos industrializados e pobres fornecedoras de matéria prima) e o trabalho ficou cada vez mais alienado (trabalhador não sabe mais fazer mais o produto inteiro e conhece apenas uma fase da produção).

Do ponto de vista social, surge uma nova classe social, o proletariado urbano, que passa a se organizar para lutar contra a exploração desenfreada dos patrões Aí é que surgem as primeiras formas de reação ao poder do capital.

Logo no início da Revolução, surge o movimento Ludita, que se caracterizou por grupo de trabalhadores desempregados que invadiam as fabricas e destruíam as máquinas por entender serem elas as responsáveis por seu estado de miséria e desemprego.

Logo a reação dos trabalhadores passa a ter mais organização e consciência, fundando as primeiras trade-unions, que com o tempo evoluiriam para os sindicatos que passam a ter atuação decisiva na conquista e defesa dos direitos e melhoria das condições de trabalho e salário.

Vai crescendo uma consciência de classe e os trabalhadores, mais organizados, começam a perceber que não bastava apenas lutar por salários e melhores condições de trabalho. Era necessário, para se alcançar a felicidade plena, derrubar o sistema capitalista e construir um novo modelo sócio econômico onde não mais existisse a exploração do homem pelo próprio homem. É nesse contexto que o movimento dos trabalhadores começa a lutar pela implementação do socialismo, com um governo controlado pelos operários para substituir a exploração dos patrões capitalistas.

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